Uma Palavra Amiga

Liberto das forças do mal

19 de Novembro
Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demónios. (...). O homem de quem tinham saído os demónios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo: Volta para a tua casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Lucas 8:30-39.
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Ainda que as minhas experiências em África, Polinésia e nas Antilhas tenham sido muito breves, em todas elas pude constatar o impressionante fato que é depararmo-nos co aqueles que sofrem aterrorizados ou possuídos pelas forças do mal. Muitos tentam enfrentá-las da melhor maneira que conseguem, com a sua boa vontade ou ignorância, seja através da feitiçaria, da magia negra ou do vudú. Jesus apresentou-nos uma maneira melhor. Vencedor de Satanás em pessoa, não teme os endemoninhados e trata-os simplesmente como seres que sofrem.

Perante o homem que sai ao encontro dele na praia de Gadara, a pergunta que o Mestre lhe dirige é: “Como te chamas?”, é o desejo de estabelecer um relacionamento pessoal com ele. Segundo as tradições daquela sociedade, conhecer o nome de alguém, (mesmo de um demónio), equivalia a ter acesso à sua intimidade.

A resposta: “chamo-me legião, porque somos muitos”, por um lado parece uma tentativa desesperada de não permitir o exorcismo, mas, por outro lado, expressa o sentimento do paciente que se sabe submetido a uma força de ocupação que pretende ser invencível.

Quando o seu sofrimento chega a um patamar insuportável, quando a dor da rejeição dos outros enegrece a mente e ele mesmo se vê como um endemoninhado, alguém, sem controle de si mesmo, enfrenta todos – seja pelo seu desprezo ou pela sua compaixão – resultado da tortura que vive.

Jesus compreende o que este homem sente e necessita, mesmo que ele não lhe peça nada. Por isso ordena que as forças do mal o deixem em paz. Não define o enfermo pela sua condição presente, mas vê o que ele pode ser mediante o seu poder. A sua possessão não passa de uma circunstância e não altera em nada o seu valor perante Deus, porque liberto dela, este homem poder ser realmente renovado.

E, com efeito, o endemoninhado gadareno converte-se, pelo poder transformador divino, no primeiro missionário cristão de Decápolis.

Mesmo que nas nossas sociedades ocidentais, casos assim de possessão sejam pouco vistas, um número incalculável de seres humanos possuídos por espíritos tão devastadores como a violência, a avareza, a luxúria ou a indiferença são arrastados para terríveis abismos. Necessitam saber, através de nós, que, ainda que eles sejam os únicos possessos do mundo, Cristo veio para salvá-los.